quinta-feira, 7 de julho de 2016

''E jogar sem medir'' - Djavan

Isto não é um texto de auto-ajuda. Trate como uma conversa, de amigos. Amigos que pouco viveram ainda, mas arriscam alguns comentários dignos de quem acredita firmemente que já viveu bastante , já sofreu de verdade, já passou ''dificuldades'' e enfrentou obstáculos. Risos surgiriam, de alguém provavelmente 20 anos mais velho do que nós. 

Mas é claro que eles iriam menosprezar o nosso actual ''dilema''. No game da vida, eles já passaram o nível em que estamos agora, os obstáculos da fase em que nos encontramos, já não significam qualquer dificuldade para eles, ainda que reconheçam que sim, dada a altura, inexperiência, idade, o que para eles é visto com leve ânimo, para nós, uma privação de noites de sono tranquilas. 
E inclusive já nos podemos rever nisto... quando olho para as fotos dos finalistas do meu colégio antigo, quando oiço falar de testes de admissão para a faculdade, testes de inglês, boletim de notas - já passei por isso! Engraçado não? Recordas-te do quanto isto na altura significava MUITO para nós, e a preocupação com que encarávamos isto? E provavelmente hoje, tal como eu, também achas que não haviam motivos para tanto. 
É tudo um jogo. Como o Super Mario! Como chegar ao topo do castelo sem subir as escadas?
Ninguém o faz. A única diferença, talvez, está em que alguns vão por elevador, e chegam mais rápido. E a não ser que paremos num dos degraus, podemos todos chegar ao nosso objectivo de igual forma. Num desses mesmos degraus em que tivemos de subir, aprendemos a lidar com o desânimo, o cansaço (mental), a dúvida, o medo, a angústia, a insônia, a solidão. Caso para dizer, que, se hoje tens em frente o início de mais uma etapa em tua vida, lembra-te de onde vieste, e para onde queres ir. Tenho a certeza que o mais bonito em nossas vidas, é o trajecto percorrido, nem tanto a meta. É no trajecto, que guardamos as mais variadas histórias, experiências para partilhar. E é onde o teu orgulho deve residir. 

Para passarmos para outro nível, temos de terminar um. Só começa um ciclo quando o outro termina. Dói, mas não precisa doer tanto, amigo. Evoluir tem um preço a pagar. Despedidas para novos reencontros. Rostos antigos para conhecer novos rostos. Caminhos antigos substituídos por novos. Adeus e ''Olás''. 
Marinela Gomes

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Top 3 por Todos Nós 2015 | Biblioteca Amadora

2015 acabou e foi um ano muito bom para a Biblioteca Amadora. Crescemos, amadurecemos e contamos com todos vocês para isso. E por isso resolvemos abusar e contar só mais uma vez com a vossa participação. Fizemos um vídeo com o Top 3 dos textos de cada uma de nós, segundo as nossas preferências e outro segundo o vosso feedback. Mais uma vez agradecemos por nos acompanharem nessa caminhada.

Beijinhos,

BA



quinta-feira, 30 de julho de 2015

Luanda

Luanda (3)Imagem por Flávio Cardoso, obtida em Cidade de Luanda

Eu amo viajar. Conhecer pedaços desse enorme mundo. Apaixonar-me por farelos desses pedaços. E armazenar esse amor. Para ir aproveitando aos pouquinhos. Porque no fim dessas aventuras eu sempre volto para casa. A minha Luanda. A que a Djey chama de Banda.

Já andei um pouco por territórios estrangeiros. Até já declarei o meu amor por Tóquio e Barcelona. Mas Shinjuku e o Bairro Gótico não se comparam com a poeira da minha terra. Cientistas dessas universidades que tudo estudam ainda vão descobrir que ela faz milagres. E mesmo que eles não confirmem eu já tenho a certeza. Aqueles sorrisos que vejo no Rocha Pinto só podem ser prova disso. Porque os da Maianga e de Cacuaco são iguais.

Luanda, diferente de outras cidades, não é feita de lugares. Luanda é feita de pessoas. Luanda é a sua gente. Mesmo que não seja realmente sua. O ambulante que veio de Benguela. A mumuíla emprestada da Huíla. O taxista que nasceu no Zaire. O português que deixou a sua Lisboa. O pedreiro que saiu da sua China. E a avó que ainda fala o Umbundu do seu Huambo. Luanda são as crianças que brincam em ruas sem asfalto. São as madrinhas dos ambulantes. Luanda é o trânsito que começa antes do nascer do sol. As noitadas na Ilha. O ponto de vista do Miradouro da Lua e a da Fortaleza de São Miguel. Uma baixa que está a perder vestígios da história.

Luanda não é uma cidade. Não me interessa o que as formalidades dizem. Luanda é um estilo de vida. É um conjunto de gargalhadas que camuflam dor. Uma alegria tão contagiante que ganha os tratamentos psicológicos...

P.S: Luanda é tanto que para mim é um texto inacabado.