domingo, 14 de outubro de 2012

A Número 13


Solido-001
Está na hora de comprar mais um romance do Nicholas Sparks. Tenho que reorganizar o meu guarda-roupa. Como é que vou me livrar de toda aquela carne? É isso que dá namorar carnívoras insaciáveis! Depois tudo acaba assim…
- Aindei algum tempo a pensar nisso e…acho que somos demasiado incompatíveis e isso está a afetar a nossa relação. A verdade é que para mim já afetou o suficiente e não dá mais. Foi tudo muito bom, mas ficamos por aqui. Ficamos amigos? E se fossemos tomar algo amanhã?
E por isso se foi a número doze! Incombatibilidade. Novidade no meu histórico. E aqui já houve de (quase) tudo: desgaste uma vez, traição duas vezes, distância uma vez, ciúme uma vez, opção sexual uma vez, sabotagem uma vez, loucura uma vez…e por aí adiante. Mas incombatibilidade é a primeira vez.
Já não sei onde procurar a rapariga perfeita. Já conheci mulheres em todos os lugares. Bares, restaurantes, exposições, faculdade, festas, trabalho, supermercado, avião e até no jardim zoológico eu já conheci uma namorada minha. Agora ex-namorada. Ainda lembro-me dela. Foi a número sete. Uma rapariga encantadora e super extrovertida. Daquelas que chega na festa do seu amigo que ela não conhece de praia nenhuma e de repente se responsabiliza por todo divertimento. Inventava os encontros mais esquisitos e os planos mais disparatados. Que pena que ela teve que se mudar para o Bangladesh.
As vezes penso na número dois. Lembro-me dos planos que fiz com a Gabriela na ingenuidade dos nossos dezassete anos. Mas eu já não sou assim tão jovem. Achava que aos 37 anos já estaria casado e com uns três filhos. Mas como se costuma dizer “O homem faz planos e Deus ri-se”. A frase preferida da número quatro. Uma vegetariana louca que no meio das discussões fazia sessões de yoga e meditação para nos acalmar. Eu devia ter desconfiado quando ela organizou um motim na faculdade porque descobriu que a única refeição vegetariana disponível era uma lasanha que ela detestava. Mesmo nunca tendo provado.
Consegui o que quis. Casa própria, carro próprio, emprego agradável e estável. Só falta a minha metade da laranja. Já ando meio cansado dessa busca. Depois da número oito, os fins de relacionamentos nem me derrubam mais, só abalam. Instalei uma rotina quando a Mariana me deixou. Assim que termina um já sei o que fazer. Durante um mês, me enfio em casa com um romance de Nicholas Sparks, fico vegetariano e só visto cores frias. Os meus amigos dizem que pareço uma mulher a recuperar de um desgosto amoroso. A minha mãe diz que der por onde der, tenho que lhe dar um neto antes de chegar aos 40 anos. E a minha irmã acha que passar o fim-de-semana com a família dela ajuda.
Eu sei que não sou o princípe encantado de mulher nenhuma. E também sei que nenhuma princesa está a minha espera. Mas será que é pedir muito que uma mulher queira ficar comigo para sempre? Acho que não. Por isso, e só por isso, eu não vou desistir agora. Vou tentar mais uma vez. Se calhar o número do azar alheio é o número da minha sorte!

Por: Yolanda Marixe

Passado indefinido!









 





Sentada no chão com os meus pés juntos
De costas para a parede e com o olhar fixo para a paisagem
Tentando compor frases para perceber o ritmo do meu pensamento
Revivi um cenário parecido com o passado 
Quando, por alguma razão, o teu amor por mim mudou

Peguei no papel e no lápis 
Fechei os olhos
E recuei no tempo 

Lágrimas deslizaram sobre o meu rosto
Como lembranças de muitos anos que se foram
Cuja dor sempre assombrou as minhas noites

Houve momentos em que a saudade bateu a porta do meu quarto
E que vontade tive de a deixar entrar!
Mas a dor da tua perda foi tão intensa
Que tornou-me numa mulher retraída e pouco ousada

A esperança de um novo amanha
Manteve e mantém-me firme 
E ainda que o presente faça de ti uma lembrança do passado
O tempo trazer-nos-á de volta, um dia.


Quando descobri que não te conheço
















Amigo meu que tanto prezo
Amigo meu que tanto espero
Amigo meu que eu desespero

Preciso e você lá está
Não preciso e também você lá está
De te amar não tenho medo
Tampouco tenho medo de te ser sincero

Ah! Se fosse verdade
Doces palavras irónicas
Porquê?

Porque me permiti esperar tanto de ti
Quando pouco a dar tinhas para mim

Me decepcionei
Porque a reciprocidade esperei
E somente indiferença ganhei

Não estou revoltada
Estou triste
E de alma amargurada

De ti me decepcionei
Falso amigo meu
E onde errei
Foi investir tempo numa relação que de nada valeu.


'' Como todos os outros seres nessa natureza, fazemos parte de grupos. Mesmo que isto não seja dessa forma linear, assim procuramos que o seja. Neste mesmo grupo, procuramos partilhar, viver com e dessa pessoa. Mas até que encontremos ''os certos'' vamos bater muitas portas, e nos enganar também muitas vezes. Isto porque as leis do coração interferem com a razão lógica. Em meias palavras, nos apaixonamos por humanos de carne e osso como nós, com defeitos de toda a natureza. E daí... Decepção! Ninguém nunca deve esperar do amigo aquilo que quer. Isto porque o maldito bichinho do lado esquerdo do peito, interfere naquilo que poderia ser uma visão do óbvio. Ou seja, nem sempre os ''amigos'' vão agir como queremos, porque o que eles são para nós, muitas vezes é fruto da idealização da nossa mente em conjunto com o coração...''

Por: Marinela Gomes em ''Aprendendo sozinha com a vida''

Preciso



Preciso de ti
Ainda que não demores
Preciso de ti
Aqui perto de mim
Preciso ouvir o teu coração
Segurar a tua mão
Abraçar-te forte
Sentir-te junto a mim
Ainda que por alguns segundos
Sei que preciso de ti

Por: Ana Patricia

sábado, 13 de outubro de 2012

Tons de Cinza




Sou uma mulher independente, frágil e às vezes idiota. Tenho poucos amigos apesar de ser muito simpática. Sou medrosa, indecisa e possessiva quando numa relação.
Meu carácter sempre intimidou os rapazes, pois sou dotada de ordens e algumas vezes arrogante. Mas tudo em mim mudou quando conheci um empresário milionário, autoritário e ninfomaníaco.
Foi numa tarde de Novembro, na rua de Saint-Jacques (Paris), na margem do Rio Sena quando vi um relógio de prata, com fivelas pretas, cravejado de diamante, o então chamado Mônaco V4 - Tag Haeur. Passou-me pela cabeça que alguém procurava por aquele relógio, pois é impossível encontrar um dos relógios mais prestigiados do mundo na rua, abandonado. Mas por alguma razão, o meu olhar permaneceu fixo, sóbrio e curioso. Dei dois passos para frente, aproveitando o silêncio da rua, baixei sentada nos meus calcanhares e fixei o meu olhar para o relógio, enquanto a minha mente questionava-se: 
- Que louco é este que se esqueceu de um tesouro nas ruas de Saint-Jacques, um lugar turístico...? 
A minha linha de pensamento foi quebrada quando, à minha trás, passaram dois homens vestidos de preto e branco (o habitual fato dos seguranças) aos saltos e gritos. A rua ficou agitada e todo mundo foi ordenado a parar estático. Rapidamente, pus o relógio na minha pasta, levantei com tamanha elegância, refiz a minha postura e pus-me a andar. Meu perfume doce confundiu os seguranças e fui tomada como uma mulher rica, incapaz de roubar.
Cheguei à casa e fui directo à cama. Pensativa, a insónia tomou conta de mim. 
- É doloroso fechar os olhos e tentar dormir com o pensamento completamente acordado porque fixei-me na idealização do rosto do dono do grande tesouro que descansa na minha pasta. Será que ele é alto? Negro ou branco? Simpático ou arrogante? Médico, empresário ou engenheiro? Adoro médicos, por razões absurdas, médicos são o meu tipo - perguntei-me.
O sol nasceu. Levantei da cama, tomei um banho com aromas de chocolate e saí para o trabalho. Deslumbrante e sedutora, desviei a minha rota e dirigi-me para um joalheiro porque quando era mais pequena, os meus pais diziam-me que gente milionária é obcecada por unicidade, isto é, elas tendem, de qualquer jeito, identificarem-se nos seus pertences e foi esta lembrança que levou-me ao joalheiro mais famoso da cidade. 
O meu coração palpitava forte ao entrar para a joalharia, mas atrevi-me e entrei. O joalheiro pareceu hipnotizado ao olhar para o relógio e suspirou Grey.   
- Grey? Quem é o Grey? - perguntei-lhe . 
- Grey (um dos accionistas da  Moët-Hennessy • Louis Vuitton) é um empresário obcecado por relógios. Ele é observador e às vezes possessivo. Ele também é muito calmo. Com 35 anos, ele nunca teve uma relação séria apesar de já ter saído com uma das suas secretárias. 
Implorei ao joalheiro o seu silencio e honestidade, pois estava perto de saciar a minha curiosade. 
- Que homem é esse tão possessivo, tão dono do seu nariz, sem medo, ousado e atrevido? - perguntei-me, enquanto caminhava de volta para a casa.
Sem êxito, lá se passou mais um dia sem o ter conhecido. 
- Todo amante de relógios não aceita perder nenhuma peça da sua colecção - dizia o meu pensamento, tentando manter-me optimista do possível interesse dele por mim.
Levantei cedo e peguei um táxi para  a Moët-Hennessy • Louis Vuitton. Vesti um corpete afinado na cintura, uma jeans azul-escura, um salto alto stiletto e uma carteira Burberry
Charmosa, eu me fiz entrar na empresa e pedi o endereço do escritório do Grey na recepção. Preferi usar as escadas, de modo que me preparasse e esfria-se os meus nervos. Já em frente à sua porta, pensei em desistir, recuei de volta para as escadas mas a incerteza do amanha me fez voltar ao escritório do Grey. Bati à porta devagarinho e ele gritou com arrogância:
- Que língua devo eu falar para que vocês entendam que eu detesto quando a recepção manda pessoas para o meu escritório sem a minha permissão?
Irritado, ele abriu a porta, observou-me dos pés à cabeça, e pediu-me para entrar...

Sou a Ana Ferraz, tenho 32 anos, trabalho como assistente de moda na Burberry Company. Descobri nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, eu me surpreendo ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, estou desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à minha beleza discreta, à minha timidez e ao meu espírito independente, Grey admite que também me deseja - mas em seus próprios termos.




Esta é parte de uma trilogia.
Inspirada no livro "Cinquenta tons de cinza"  escrito pela E L James

Rejeito esquecer!


Não quero ser amada
Somente por palavras
Elas voam com o tempo
Se tornando míseras lembranças
Lembranças que se perdem na alma de um ser sábio
Mas fraco quando o amor é-lhe questionado

Não quero viver do passado
Na condição do que eu podia ter feito
Pois é um tormento arrepender-se
Quando sei que "o voltar no tempo" é um processo irreversível

Ainda que a vida nos separe
A nossa história de amor é inesquecível
Pois a unicidade dos momentos de prazer
Sexo fora de hora
Tua pele macia sobre às minhas costas
Cinema no calar da noite
Planos para o futuro
Cada simples detalhe fez de nós "um só"

Ao fim da linha
Rejeito citar o teu nome
Permaneço calada
Fiel ao nosso passado
Fiel a ti
Preservo o meu intimo
Proíbo-me de ser amada
Pois nos teus braços me fiz mulher
E contigo me sinto completa.