terça-feira, 5 de março de 2013

Na conquista do que é meu


















Enquanto eu tiver fome
Haverei de cravar minhas mãos sobre a terra e torná-la fértil
Não serão as sementes que dar-me-ão os frutos
Mas o suor caído da minha testa ao implantá-las

Enquanto o frio se fizer sentir
Não o amaldiçoarei
Esperarei pelo contemplar do sol no dia a seguir

Sobre a cor da minha pele
Formar-se-ão cicatrizes
Não as usarei com disfarce
Serão tidas como complemento daquilo que sou
E as vestirei com orgulho


Esperarei mui pacientemente
O reflorescer das flores
E o desabrochar dos frutos

Com escudo lutarei contra as pragas
O balanço final será vitorioso

E aí sim direi que das minhas mãos saciei minha fome...


Por: Marinela Gomes



segunda-feira, 4 de março de 2013

Poeta escorpião

Sendo poeta
Não posso revelar-me na totalidade
Tento iludir quem lê
E encantar quem se recorre à um poema quando a alma abraça o vazio

E se eu falasse com o coração
Talvez fosse romântica demais e pouco descritiva
Neste rumo de ideias, escrevo com a imaginação e porções de razão

Sou fértil, descritivamente intensa
Tenho o corpo na terra, mas a mente num planeta qualquer
Fixo-me aos detalhes da minha caminhada
E afino-os com tons de escorpião

Ser escorpião é ser elegante e refinado
É dar um beijo-armadilha, um beijo-sedução
É gostar de mistério, segredos e silêncio
É acreditar num olhar profundo-penetrante

Sendo poeta
Revelo-me escorpiana
Amante da sedução e da verdade
Toco na alma de cada leitor
Ainda que de mim eles desconheçam tudo.